Desembargador ataca bandoleiros da mídia
Presidente
do TRF3 propõe ‘habeas mídia’
SÃO
PAULO – Sob a incrível montanha de ações que desafiam sua corte, o
desembargador Newton De Lucca, presidente do Tribunal Regional Federal da 3.ª
Região (TRF3), também poeta e escritor, entregou-se a uma cruzada: defende
“irrestritamente” a criação de um “habeas mídia”, segundo sua definição um
mecanismo que seria usado para “impor limites ao poder de uma certa imprensa”.
“O
habeas mídia seria um instrumento para a proteção individual, coletiva ou
difusa, das pessoas físicas e jurídicas, que sofrerem ameaça ou lesão ao seu
patrimônio jurídico indisponível, por intermédio da mídia”, propõe.
De Lucca
sugeriu pela primeira vez o habeas mídia no discurso de sua posse, em 2 de
abril, perante plateia de magistrados, advogados, juristas, três ministros do
Supremo Tribunal Federal – entre eles o novo presidente da corte máxima, Ayres
Britto -, o cardeal arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, e o
vice-presidente da República, Michel Temer, que o aplaudiram.
Ao revelar sua meta, jogou sobre a mídia expressão de autoria da ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça, que apontou a existência de “bandidos de toga” e abriu crise sem igual na magistratura.
Servirá o habeas, prevê De Lucca, “não apenas em favor dos magistrados que estão sendo injustamente atacados, mas de todo o povo brasileiro, que se encontra a mercê de alguns bandoleiros de plantão, alojados sorrateiramente nos meandros de certos poderes midiáticos no Brasil e organizados por retórica hegemônica, de caráter indisfarçavelmente nazofascista”.
Autor de Pintando o Sete e Odes e Pagodes, coletâneas de poesias, De Lucca afirma que já foi “injustamente atacado, em passado não muito distante”. Aponta para “jornalismo trapeiro que impede a criação de uma opinião pública livre e legítima”.
O desembargador declarou, ainda na posse: “Continuarei a nutrir minha aversão congênita pelas pirotecnias enganosas do establishment atual, que não distingue a liberdade da libertinagem, as prerrogativas dos privilégios, a qualidade da quantidade, e ainda faz do embuste e do patrulhamento ideológico o apogeu da tirania”. “Almejamos e preconizamos uma imprensa livre”, afirmou De Lucca. “Enquanto investigativa e criteriosa há de merecer todo nosso respeito e loas. Por outro lado, há de ser solenemente repudiado aquele jornalismo trapeiro.”
Ao Estado, por escrito, De Lucca recorreu à veia poética. “Por jornalismo trapeiro quis me referir àqueles que não estão preocupados em divulgar a verdade dos fatos, a eles absolutamente despicienda, mas em propalar algo que possa despertar uma atitude de suspicácia naqueles que leem a notícia. Claro que trapeiros vem de trapos, e por mim a palavra foi usada como figura de retórica, denotativa de algo desqualificado e rastaquera.”
O desembargador revela confusão quando instado a definir como iria operar o habeas mídia. “É uma expressão cunhada pelo professor gaúcho Sérgio Borja numa conferência por ele proferida na Universidade de Lomas de Zamora.” Segundo De Lucca, também o professor Paulo Lopo Saraiva defende o mesmo modelo. “Trata-se de impor limites ao poder de uma certa imprensa, ou exatamente ao jornalismo trapeiro a que me referi.”
Sobre os “bandoleiros de plantão”, refugiou-se no silêncio. “Prefiro não nominá-los, quer porque preciso ter paz para trabalhar, não podendo perder meu tempo com niquices, quer porque prefiro que cada um vista o seu próprio capuz.”
Desembargador
critica o que chama de 'bandoleiros de plantão' Foto: Marcio Fernandes/AE
Na segunda Foto, discutem sobre assunto indeterminado o Des. Newton De Lucca e este Blogueiro...
Na segunda Foto, discutem sobre assunto indeterminado o Des. Newton De Lucca e este Blogueiro...
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